Vou contar uma lenda muito bonita!
Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas, por sua vez, qual era a mais sua amiga. A mais velha respondeu:
- Quero mais a meu pai do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
- Gosto mais do meu pai do que de mim mesma.
A mais nova respondeu:
- Quero-te tanto como a comida quer o sal.
O rei entendeu que a filha mais nova não o amava tanto como as outras e pô-la fora do palácio. Ela foi, muito triste, por esse mundo e chegou ao palácio de um rei. Aí, ofereceu-se para ser cozinheira.
Um dia, veio à mesa um pastel muito bem feito; o rei, ao parti-lo, achou dentro um anel, muito pequeno, mas de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia. Chamaram as empregadas e a cozinheira e só a esta o anel servia.
O príncipe, filho do rei, viu isto e ficou logo apaixonado por ela. Começou, então, a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajes de princesa. Foi chamar o rei, seu pai, e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda.
Para as festas do noivado convidou-se o rei que tinha as três filhas e que pusera de fora a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas, nos manjares que haviam de ser postos ao rei, seu pai, não pôs sal, de propósito.
Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que nada comia. Por fim, o dono da casa perguntou-lhe por que é que o rei não comia. Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
- É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque é que não tinha posto sal na comida. Veio então a menina, vestida de princesa. Assim que o pai a viu, conheceu-a logo e confessou ali a sua culpa por não ter percebido quanto era amado pela sua filha, que lhe tinha dito que lhe queria tanto como a comida quer o sal e que, depois de sofrer tanto, nunca se queixara da injustiça de seu pai.
(Texto adaptado)
Machado de Assis dizia no seu poema sobre os Amigos:
"Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos. Há pessoas que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!"
A história, tal como a frase, são muito bonitas. A Ana Sofia tem realmente muita sensibilidade e bom gosto!
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