S. João, eremita natural do Porto (séc. IX), viveu em Tuy.
Os festejos do S. João no Porto são já seculares. Mas foi só no século XX que o 24 de Junho passou a ser feriado municipal na Invicta. E tudo graças a um decreto republicano e a um referendo aos portuenses, promovido pelo Jornal de Notícias. A história é curiosa!
Estávamos em Janeiro de 1911 e a República Portuguesa dava os primeiros passos. O Governo Provisório redefiniu os dias feriados em Portugal. No mesmo decreto, impunha-se, a cada município do país, a escolha de um dia feriado próprio.
No Porto, foi sugerida a data de 24 de Junho. Afinal de contas, o S. João era, já na altura, uma festa com longa tradição na cidade do Porto. A primeira alusão aos festejos populares data já do século XIV, pela mão do famoso cronista do reino, Fernão Lopes.
Contudo, a sugestão de escolher o S. João como feriado municipal da Invicta foi contestada.
Alguém sugeriu que o povo do Porto se devia pronunciar. O Jornal de Notícias organizou um referendo popular para escolher o feriado municipal.
Foi colocado, na primeira página do jornal, o anúncio da "Consulta ao Povo do Porto", explicando toda a situação e a forma de participação. As pessoas teriam que enviar, até ao dia 2 de Fevereiro, "um bilhete postal ou meia folha de papel dentro de enveloppe", com a indicação do dia da sua preferência. E, para recompensar o trabalho dos leitores, o Jornal de Notícias oferecia "dez valiosos premios" - o mais valioso era de 10 mil réis, cerca de 50 cêntimos - a serem sorteados de entre todos aqueles que votassem no dia eleito.
A 4 de Fevereiro de 1911, foram publicados os totais finais da consulta popular: o dia 24 de Junho foi o mais votado, com 6565 votos, seguido pelo 1º de Maio, com 3075 votos, o dia de Nossa Senhora da Conceição, com 1975 votos, e o dia 9 de Julho, com oito. "Ficou, pois, vencedor o dia de S. João, que é aquele que o povo do Porto escolhe para ser o feriado municipal".
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Só não se sabe se o vencedor do sorteio chegou a receber os seus 50 cêntimos...
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