não concordam?
31 agosto 2010
Provérbios de Setembro
Em Agosto secam os montes e em Setembro as fontes.
Em Setembro, ardem os montes e secam as fontes.
Em Setembro, planta, colhe e cava que é mês para tudo.
Setembro a comer e a colher.
Setembro molhado, figo estragado.
Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes.
Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor.
Conhecem outros?
Em Agosto secam os montes e em Setembro as fontes.
Em Setembro, ardem os montes e secam as fontes.
Em Setembro, planta, colhe e cava que é mês para tudo.
Setembro a comer e a colher.
Setembro molhado, figo estragado.
Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes.
Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor.
Conhecem outros?
28 agosto 2010
O Sonho
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos?
Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.
Chegamos?
Chegamos?
Não chegamos?
-Partimos.
-Partimos.
Vamos.
Somos.
Sebastião da Gama,
Pelo Sonho é que Vamos
25 agosto 2010
Maria Alberta Menéres completa hoje 80 anos: Parabéns!
A escritora Maria Alberta Menéres completa hoje 80 anos. Trata-se de uma das mais produtivas e talentosas criadoras portuguesas, que estende a sua vastíssima obra através da literatura infantil, da poesia, do romance e do ensaio.
A escritora Maria Alberta Menéres completa hoje 80 anos. Trata-se de uma das mais produtivas e talentosas criadoras portuguesas, que estende a sua vastíssima obra através da literatura infantil, da poesia, do romance e do ensaio.
A escritora conhecida, sobretudo, pelos seus livros para a infância e juventude, iniciou a carreira pela poesia com “Intervalo”, em 1952. O seu talento rendeu-lhe o prémio internacional de poesia Giacomo Leopardi pela qualidade de “Água-Memória”. Como poetisa, Maria Alberta Menéres aborda uma certa realidade feminina, com uma linguagem com grande riqueza rítmica.
Ainda na poesia, organizou a “Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa”.
Mas esta dinâmica mulher de letras, licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas, que foi professora de liceu, tradutora e colaboradora de vários jornais e revistas, é reconhecida como uma das mais notáveis escritoras portuguesas de livros para os mais novos.
A sua produtividade é quase inacreditável: escreveu mais de 70 títulos, sempre com histórias vivas, capazes de prender o interesse dos mais pequenos, para quem tem uma mensagem de optimismo. Ao mesmo tempo, procura alertá-los para os aspectos mais simples do quotidiano, pois cada um deles tem algo para nos contar e nos tocar bem fundo. Tema recorrente nas suas obras é o das relações familiares, destacando, nomeadamente, a importância que os avós têm no nosso crescimento. Com a sensibilidade própria de uma poetisa, Maria Alberta Menéres cria situações originais, investe na recolha tradicional, faz versões de obras clássicas. Com um estilo narrativo peculiar, recorre a antigas oralidades para envolver o leitor num clima real com um toque de magia.
A sua produtividade é quase inacreditável: escreveu mais de 70 títulos, sempre com histórias vivas, capazes de prender o interesse dos mais pequenos, para quem tem uma mensagem de optimismo. Ao mesmo tempo, procura alertá-los para os aspectos mais simples do quotidiano, pois cada um deles tem algo para nos contar e nos tocar bem fundo. Tema recorrente nas suas obras é o das relações familiares, destacando, nomeadamente, a importância que os avós têm no nosso crescimento. Com a sensibilidade própria de uma poetisa, Maria Alberta Menéres cria situações originais, investe na recolha tradicional, faz versões de obras clássicas. Com um estilo narrativo peculiar, recorre a antigas oralidades para envolver o leitor num clima real com um toque de magia.
Em 1986, foi distinguida com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças, “pelo conjunto da sua obra literária e pela manutenção de um alto nível de qualidade”.
Entre a sua vasta obra merece destaque “Ulisses”, que já conta com 35 edições e mais de 600 mil exemplares vendidos.
A sua editora, a Asa, resolveu consagrar 2010 como o Ano Maria Alberta Menéres, com várias iniciativas, que teve o seu ponto mais alto com a publicação de uma obra, “Camões, o super-herói da língua portuguesa”, que, segundo a autora, é “uma biografia romanceada à minha moda de um dos maiores poetas portugueses”.
In Jornal de Notícias
24 agosto 2010
A Gota de Água
Era uma vez uma gota cheia de sede. Não faz sentido, mas acreditem que assim era.
Esta gota de água queria matar a sede a alguém que tivesse muita sede. Desejo grande, desejo único que a arredondava mais e mais, e a enchia de fé como um coração palpitante. Mas não havia meio.
Cavalgando uma nuvem, correu o deserto, à cata de um viajante sequioso. Não encontrou nenhum.
Depois, percorreu, por cima dos mares, as ondas revoltas dos oceanos. Talvez um náufrago de boca salgada precisasse dela e da sua ajuda doce. Assim que o visse, ela caía lá do alto e poisava nos lábios do náufrago como uma última bênção. Mas não encontrou nenhum.
Queria ser útil. Não conseguia.
Até que a nuvem em que vinha, de carregada que estava, não podendo mais, se desfez em chuva. Ela precipitou-se para a terra, no meio das outras.
– Vou lavar as pedras da calçada – dizia uma.
– Vou mergulhar até à raiz de uma planta e dar-lhe vida – dizia outra.
– Vou acrescentar água a um rio quase seco. Vou ajudar uma azenha a trabalhar. Vou alimentar uma barragem. Vou empurrar um barco encalhado.
Isto diziam várias gotas, todas generosas, enquanto caíam.
Se cada uma cumpriu ou não o seu destino, não sabemos, porque nesta história só nos ocupamos da gota com sede de matar a sede.
Caiu na copa de uma árvore e foi escorrendo de ramo em ramo, pling, pling, pling, como uma lágrima feliz.
Até que chegou a uma folha, mesmo por cima de um ninho. Caio? Não caio? Deixou-se ficar, a ver no que dava. A casca de um ovo estalou e um passarinho rompeu, aflito, lá de dentro, de bico aberto, num grito mudo.
– Caio – decidiu a gota.
Soltou-se da folha para a garganta aberta do passarinho, que a engoliu e, logo em seguida, piou, agradecido.
Foi o passarinho, tempos depois, que me contou esta história.
Esta gota de água queria matar a sede a alguém que tivesse muita sede. Desejo grande, desejo único que a arredondava mais e mais, e a enchia de fé como um coração palpitante. Mas não havia meio.
Cavalgando uma nuvem, correu o deserto, à cata de um viajante sequioso. Não encontrou nenhum.
Depois, percorreu, por cima dos mares, as ondas revoltas dos oceanos. Talvez um náufrago de boca salgada precisasse dela e da sua ajuda doce. Assim que o visse, ela caía lá do alto e poisava nos lábios do náufrago como uma última bênção. Mas não encontrou nenhum.
Queria ser útil. Não conseguia.
Até que a nuvem em que vinha, de carregada que estava, não podendo mais, se desfez em chuva. Ela precipitou-se para a terra, no meio das outras.
– Vou lavar as pedras da calçada – dizia uma.
– Vou mergulhar até à raiz de uma planta e dar-lhe vida – dizia outra.
– Vou acrescentar água a um rio quase seco. Vou ajudar uma azenha a trabalhar. Vou alimentar uma barragem. Vou empurrar um barco encalhado.
Isto diziam várias gotas, todas generosas, enquanto caíam.
Se cada uma cumpriu ou não o seu destino, não sabemos, porque nesta história só nos ocupamos da gota com sede de matar a sede.
Caiu na copa de uma árvore e foi escorrendo de ramo em ramo, pling, pling, pling, como uma lágrima feliz.
Até que chegou a uma folha, mesmo por cima de um ninho. Caio? Não caio? Deixou-se ficar, a ver no que dava. A casca de um ovo estalou e um passarinho rompeu, aflito, lá de dentro, de bico aberto, num grito mudo.
– Caio – decidiu a gota.
Soltou-se da folha para a garganta aberta do passarinho, que a engoliu e, logo em seguida, piou, agradecido.
Foi o passarinho, tempos depois, que me contou esta história.
História do Dia, de António Torrado
23 agosto 2010
20 agosto 2010
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