29 dezembro 2010


Balada da Neve
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria….
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Augusto Gil (excerto)

8 comentários:

  1. Apesar de ser muito fria e de perturbar a vida normal das pessoas, gosto muito de ver nevar, de sentir os flocos cair na cara e de a molhar. O frio é enorme, mas a sensação também é muito grande... Sensação de bem estar junto da Natureza!

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  2. Planeta Azuli!!!29/12/10

    A neve é por demais bonita...

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  3. M.J...... Happy New Year!29/12/10

    A imagem é muito gira...

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  4. Gosto da imagem

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  5. AnAlmeidA29/12/10

    Hoje choveu... Pena que não fossem cristais de gelo!...

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  6. Luísa***29/12/10

    Este poema é muito bonito, mas ao mesmo tempo é muito triste. Ainda bem que a professora, no excerto, não incluiu a parte mais triste...

    Para quem não conhece, aqui fica o resto do poema:

    «Fico olhando esses sinais
    da pobre gente que avança,
    e noto, por entre os mais,
    os traços miniaturais
    duns pezitos de criança…

    E descalcinhos, doridos…
    a neve deixa inda vê-los,
    primeiro, bem definidos,
    depois, em sulcos compridos,
    porque não podia erguê-los!…

    Que quem já é pecador
    sofra tormentos, enfim!
    Mas as crianças, Senhor,
    porque lhes dais tanta dor?!…
    Porque padecem assim?!…

    E uma infinita tristeza,
    uma funda turbação
    entra em mim, fica em mim presa.
    Cai neve na Natureza
    e cai no meu coração.»

    Não é triste?

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  7. Na verdade, Luísa, o poema é triste... Não coloquei o final deliberadamente, para não entristecer ninguém. Mas essa é uma realidade, a da pobreza, que, infelizmente, nos rodeia e vive bem perto de nós.

    Se pudermos ajudar, todos o deveremos fazer!

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  8. diogo e alex19/1/11

    gosto principalmente da imagem

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